Gente, é muita gente!
Gente alta, gente baixa,
Gente que pensa que não é gente,
Gente que sente que não tem gente.
Gente grande, gente pequena
Gente nova e gente não muito nova.
Gente grande que não cresceu e
Gente nova que envelheceu!
Gente que pensa e repensa
Gente que fala e nunca pensa.
Gente que se conhece e não se entende
Mas que aprende de repente.
Gente que escuta, e gente que não sabe escutar
Gente que procura, mas não consegue achar.
Gente calada, gente falante
Gente parada, gente errante.
Gente que só chora – é gente que só usa a emoção
E gente que nunca chora – é gente só usa a razão.
Gente que ri quando quer chorar – pra disfarçar
E gente que aprende a rir e chorar – não tem vergonha de se mostrar.
Gente imatura, gente madura
Gente doente, gente ausente
Gente contente, gente descontente
E gente que cresce e resplandece
Gente que insiste e persiste
Gente que desiste é triste.
Gente que vem e vai
Gente que sai engasgada, desencontrada, petrificada.
Gente que vem e fica
Gente que vai renovada, modificada, restaurada.
Gente que com cacos constrói um mosaico
Gente que com lágrimas aprende a ver adiante
Gente com profundas e dolorosas marcas da vida
Gente com vida profunda e sensivelmente marcante.
Gente que ama demais e gente que não aprendeu a amar.
Gente que dá espaço demais e gente que não sabe respeitar.
Gente que gosta de aparecer e gente que gosta de ser invisível.
Gente muito sensível e gente por demais insensível.
Gente que tem medo de Deus, gente que a Deus teme
Gente que navega sem Deus, gente que é Deus o seu leme.
Gente que a Deus enternece, gente que a Deus entristece
Gente que conhece Deus e gente que a Deus desconhece.
Gente que de Deus reclama e gente que só a Deus clama
Gente que ama a Deus, gente que Deus ama.
Gente, gente, gente, gente...
Gente!
É muita gente a minha gente,
Mas que acima de tudo é gente
Gente parecida com a gente.
Elizabete Bifano
Rio, 12 de dezembro de 2004
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