Bem-vindos!

Olá
Espero que este blog lhe traga agradáveis momentos de leitura, meditação e distração.
Aproveite-o, mas lembre-se de que respeito e consideração sempre são devolvidos com amizade e carinho.
E voltem sempre, ok?
Bjc

Natureza Morta

Suas águas escorrem
Escuras e fétidas.
Uma pequenina cachoeira se vê
Parecem lágrimas que escorrem...
É o fio de um rio outrora caudaloso e belo.
Hoje espremido em seu leito na cidade grande, chora...



Elizabete Bifano
Rio, 15 de maio de 2002

Prova de Amor

Amor de mistérios e sonhos
Amor de desencontros e encontros
Amor de contos e encantos
Que se impõe e contrapõe
Que se constrói
Real e tangível

Um amor que se consolida
Pela lida, pela vida
Um amor que de prova em prova
Pôs-se à prova
À prova do amor
À prova de Deus
À prova do amor de Deus

Amor de vocês assim...
Incrível e engraçado
Composto de lágrimas e sorrisos
Como o paraíso almejado

Bonito esse amor bonito
Que se entrelaça e se abraça
Num olhar que tudo diz
Num caminhar de mãos dadas
Seguindo um caminho feliz

Deus abençoe esse dia
Em que concretizam seu sonho
E que este casamento bendito
Transborde de paz, amor e alegria
No abrigo do coração
Nas asas do infinito...


Elizabete Bifano
Rio de Janeiro, 28 de julho de 2010

O Cristo

Lá do alto
De braços abertos sobre a cidade
Ele sorri...
Vê a beleza natural de suas montanhas e mares
Vê a alegria que brota nos lábios cantantes
dos moradores da bela cidade.
Ele olha e vê um povo que é bom...

Lá do alto
De braços abertos sobre a cidade
Ele chora...
Vê a violência brotar entre suas montanhas e praias
Vê a droga e arma destruindo as famílias e a injustiça entre as classes sociais
dos moradores da pobre rica cidade.
Ele olha e vê um povo que é mau...

Lá do alto
De braços abertos sobre os homens
Ele espera
Vê o coração amar e odiar, crer e desesperar
dos moradores da grande cidade.
Ele olha e vê um povo que precisa dele
Ele olha e vê um povo que pensa que ele é de pedra
Ele olha e vê um povo que sabe que ele vê e sente
Ele olha
Ele vê
Ele espera, com compaixão, para receber o coração
dos moradores da cidade
Sim, ele espera
De braços abertos...

Elizabete Bifano
Rio, janeiro de 2006

Saudade

Tão distante e tão perto
Tão florido e tão deserto
Dolorida e querida
Real e imaginária
É essa saudade diária.
Alegre e triste
Por alguém que, às vezes,
Nem mais existe...
Saudade presente
Pelo que se perdeu
Dos olhos ausente
Das mãos se desprendeu.
Espera insone
Que no tempo o tempo consome...
E, um dia, ela se cala
Fica quieta, se acomoda.
No coração ela se embala
Em uma doce lembrança
De uma cantiga de roda.


Elizabete Bifano
20/10/2009

A Tarde Chora

Chora a tarde
Em gotas frias
Que numa foram bonita
Escorrem transparentes

Por que chora a tarde
Se a manhã foi tão bela
Trazendo um ar gelado
Obrigando a fechar a janela?

Por que chora a tarde
Como se lágrimas fossem
De dor, paixão ou medo
E não pudesse mais ocultar o segredo?

Por que chora a tarde
Fazendo pesar as folhas
Provocando o despetalar
Ou o fechar das flores?

A tarde apenas chora...
Chora para molhar a terra
Preencher o leito do rio
A tarde apenas chora...

Chora porque é preciso
Para lavar o universo
Para trazer renovo e vida
Ela apenas chora...

A tarde chora
Só porque chegou a hora
Simplesmente
Ela chora...


Elizabete Bifano
Rio, 18/07/2010

Cânticos ao Amor

Vou levantar-me agora e percorrer a cidade,
irei por suas ruas e praças;
buscarei aquele a quem o meu coração ama...
Porque sem ele, me sinto tão só!

O meu amado tem a pele bronzeada;
ele se destaca entre dez mil.
Porque ele é único, inconfundível amor meu!

Você fez disparar o meu coração;
fez disparar o meu coração com um simples olhar.
Como uma flecha ligeira atingiu-me em cheio.

O meu amado é meu e eu sou dele só.

O amor é forte...
Tão forte quanto a morte!
O amor é assim...
Suas brasas são fogo ardente, são labaredas do Senhor!
E arderão até o fim...

O meu amado é meu e eu sou dele só.

Coloque-me como selo sobre o seu coração!
Para que assim seja selado o nosso amor.

O meu amado é meu e eu sou dele só.

Nem as muitas águas
conseguem apagar o amor;
nem os rios afoga-lo.

O meu amado é meu e eu sou dele só.

Veja!
O inverno passou;
acabaram-se as chuvas e já se foram.
Aparecem flores na terra, e chegou o tempo de cantar...
Já se houve em nossa terra o arrulhar dos pombos!
A figueira produz os primeiros frutos;
as vinhas florescem e espalham sua fragrância...

Celebremos!
É o amor!

(Baseado em Cânticos 3.2; 5.10; 2.16; 4.9; 8.6 e 7; 2.11-13)

Elizabete Bifano
Rio, 09 de março de 2005

Jesus me Salvou

Tenho certeza, sem sombra de dúvida
De que Ele morreu por mim.
Foi Jesus, lá naquela cruz
Que sofreu em meu lugar.
Oh, como o amo por isso!
Essa paz, que transborda em meu coração
Em qualquer aflição, tristeza e pecado
É por causa da certeza que tenho
De que ele me deu a salvação.
Não posso temer o perigo, os problemas e as tentações
Pois ele prometeu que comigo estaria
Todos os dias.
Jesus, meu amigo, Salvador e Senhor.
Tenho certeza, sem sombra de dúvida,
Jesus me salvou!


Elizabete Bifano
Rio, 20 de janeiro de 1990

Menino Pequeno

Menino pequeno
de olhos tão grandes
tão grandes quanto sua barriga que,
desprotegida, o short roto não contém
tampouco a camisa rasgada,
desabotoada de quem nada tem
nada tem...

Carente de alimento, de afeto e de educação
lá vai ele rua afora
pés descalços
em busca de pão, de teto e de instrução.

Menino pequeno
em grande miséria
tão grande quanto seu medo.
Quem pegará a sua mão?

O desconhecido o espreita...
O mundo o olha e o rejeita.

E, devagarinho, lá vai o menino
sozinho
caminhando em vão.

Grandes olhos que lacrimejam
e desejam
ao menos uma ilusão.

Talvez um dia nessa vida,
quem sabe,
Alguém lhe alcançará no coração.



Elizabete Bifano
Rio, 16 de fevereiro de 1993

Perdas

Quando um casal se separa
uma família se desampara...

O esposo perde a esposa,
Que perde o esposo.
Um homem perde uma mulher,
Uma mulher perde um homem.
É filho que perde o pai (ou mãe),
É pai que perde o filho (ou filha).

Fica todo mundo perdido...
Perdem-se os anéis,
Perdem-se os papéis,
Perdem-se posições,
Perdem-se funções
Todos perdem!

Perdem o amor, o respeito, a confiança
Perdem o ideal, o projeto, o rumo
Perdem o sono, o sonho, a esperança
Perdem a segurança, o chão, o prumo...

Se são tantas desvantagens,
Qual é a vantagem?

- Lutar pela liberdade.
De quem?
Por quanto tempo?
Deste seremos prisioneiros com alguém!

- Buscar a felicidade.
O que é a felicidade?
Onde é que se encontra ela?
Seremos nós mesmos os geradores dela!

- Ter outra oportunidade.
Para fazer o quê?
Para ir aonde?
Ela está diante dos olhos, ela não se esconde.

Pais desamparados
Filhos perdidos
As histórias esquecidas
Do namoro, do casamento,
Do nascimento dos filhos,
Das flores recebidas...

Deus não planejou assim no Éden
Ao criar o casal
Desejou que o amor, a fidelidade e a felicidade conjugal
Unissem os casais até a morte, até o suspiro final.
Ao criar a família
Desejou que houvesse respeito, alegria, harmonia
Que caminhassem lado a lado em amável companhia.

Quando numa família ocorre uma perda assim
É preciso sempre lembrar
De voltar ao primeiro amor
Deus está de braços abertos a esperar
Ele irá escutar...
Ele irá consolar...



Elizabete Bifano
Rio, 21 de fevereiro de 2005

O Amor

O amor é algo para se reter, nunca jogar fora
O amor deve ser construído, nunca destruído
O amor sorri com paciência e age bondosamente
Olha e toca com ternura
E dirige palavras docemente
O amor abraça e beija
Porque é planta delicada que precisa de cuidados
E todos os dias ser regada
O amor acolhe, compreende, apóia e incentiva
Com o coração e oração
Enxerga a verdade e também perdoa
O amor é a expressão mais pura da vida
Por isso, Deus o amor abençoa.

Elizabete Bifano
Em celebração as nossas Bodas de Prata
Em 25 de maio de 2010

O Caminho

Foi um caminho longo...
Foi um caminho curto.
Nesse caminho
Houveram flores à margem, sol e sombra, amores e cores
Houveram espinhos, nuvem e chuva, lágrimas e dores.

Aqui ou lá seguindo, prosseguindo
Às vezes com esforço para não largar a mão
Procurando sempre os olhos para ver o coração.
Quanta coisa vivida nessa caminhada querida!
Pérolas moldadas à custa do pranto
São jóias exibidas ao som do canto.

É um caminho lindo...
É uma parte do caminho que não se vive sozinho
Um querer estar junto e moldar um amor profundo
Que vai além do horizonte e do mar
Porque simplesmente é amar...

Será um caminho longo?
Será um caminho curto?
A conta dele somente conhece o Deus Santo
E enquanto no caminhar desse tanto
Colorido por pétalas ou magoado por pedras
Que se dê vida ao amor e se viva no Senhor.

“Onde quer que tu fores, irei eu
Onde quer que pousares, também pousarei
Teu povo é o meu povo, teu Deus é o meu Deus
Onde quer que morreres, morrerei, e ali serei sepultado
Só a morte separar-me-á de ti.


Elizabete Bifano
Brasília, 17 de maio de 2010

A Melodia dos Seus Risos

Suas risadas invadem a casa e a alma da gente.
Parece que nunca se cansam...
Parece que nunca se calam...
Elas jamais param
(Mesmo quando os pais estão exaustos)

Caixinhas de segredo
Sempre com novidades
Elas trazem palavras, idéias e mensagens...

Elas crescem...
Sapatos e roupas ficam pequenos
Mas nosso amor por elas parece que só aumenta.

Elas são preciosas
Herança que o Senhor nos deu.
Mas este tesouro não é meu!

Um dia, quando partirem
Pelos caminhos que Deus lhes traçar,
Ficará
Em nossos corações
A alegria dos seus risos
Em nossa mente
A imagem dos seus sorrisos
E em nossa casa
A melodia das suas risadas...
Que para sempre irão ressoar!


Elizabete Bifano
Rio, 16 de fevereiro de 1993

Eu Sou

Sou tão pequena, eu digo...
E então ouço o Senhor me responder:
“Davi também era, mas venceu um gigante!”
Eu Sou é quem te faz ficar grande.

Sou tão fraca, eu penso...
Então ouço Deus me dizer:
“Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza!”
Eu Sou quem te faz ser forte.

Estou tão sozinha, eu sinto...
E então meu Pai vem me prometer:
“Eis que estou contigo todos os dias... até o fim!”
Eu Sou quem a faz não estar só.

Estou tão temerosa, eu pressinto...
E, mais uma vez, ouço a voz de Jeová:
“Ainda que tu andes pelo vale da sombra da morte, não tema!”
Eu Sou quem irá te encorajar.

Mas sou tão pecadora, eu sei...
E, com paciência, o Eterno me responde:
“Porque te amo tanto é que doei meu Filho para te salvar!”
Eu Sou quem perdoa teus pecados e os lança ao fundo do mar.

Sou tão...
O pensamento e a voz se calam.
EU SOU é quem faz toda a diferença!

E logo o Espírito faz brotar
Amor, paz, alegria e mansidão
No coração
De quem deseja ser, fazer, sentir
E viver para Ele só.


Elizabete Bifano
Rio, 18 de dezembro de 2002

Oração da Família

Pai nosso que estás no céu
Que o teu nome seja, a cada dia
E por todos os dias,
Santificado em nossa família.
Que o teu reino faça parte da nossa casa com reverência, santidade e amor.
Que tua vontade seja a vontade de cada uma das pessoas que compõe nosso lar
E que ela seja cumprida com obediente alegria.
Que o pão diário seja recebido por nós como mais uma das bênçãos que o Senhor nós dá
E que o comamos com gratidão de coração.
Que o teu perdão seja de exemplo e incentivo para nossa vida pessoal e relacionamento familiar,
Pois necessitamos dele dia após dia.

Agradecemos por perdoares nossos erros
E nos ajudares a perdoar aqueles com quem convivemos diariamente.

Que tenhamos o temor do Senhor
Para não ceder às tentações do inimigo
E pecar contra ti
E magoar aqueles que nos são mais queridos.
Que o mal esteja longe de nós, fustigado pela bondade e força da tua presença.

Oramos assim porque cremos que tua graça é infinita
Teu poder é imenso
E o teu reino é eterno.
Ó Deus
Tua glória, só a ti pertence – és único!
Por isso és o Deus da nossa família.

É no nome de Jesus, teu amado e amoroso filho, que assim te pedimos, agradecemos e adoramos.
Amém!


Elizabete Bifano
Rio, 29 de dezembro de 2002

Um Caminho de Luz

Não posso ver o amanhã
Ainda não sei o que será
Só posso crer e confiar
Exercitar a fé...

Quantas vezes a luz do sol meus olhos iluminou
E minha pele sentiu a chuva molhar?
Então, surgiu o arco-íris
Revelando um caminho de cor e luz.

Cada dia estou com Jesus
Em dias maus e bons também
Meu Deus é Pai e sou alguém
Que vive feliz, em paz, à sombra da cruz.


Elizabete Bifano
Rio, 30/03/2010

Senhor, Lembra-te de Mim

“Lembra-te de mim quando entrares no Teu reino.”
Era o pedido de um homem terrível, ladrão, criminoso da pior espécie, condenado a morte de cruz.
Que sentença lhe daríamos nós?
Entretanto, ele ouviu de Jesus as palavras mais amorosas que jamais ouvira em sua vida; certamente nem esperava tal resposta:
“- Hoje mesmo estarás comigo no paraíso.”
Era uma estranha sentença para um miserável ladrão.
É que ele havia reconhecido em Jesus alguém especial, diferente de todos aqueles que apenas o condenaram.
Ele, que só convivera com o mal, conhecia agora o bem.
Aquelas eram palavras mágicas que tinham o poder de transformar um coração de pedra num coração humano.
Fico imaginando o diálogo...
Teria sido apenas duas frases trocadas?
Afinal, estiveram por horas lado a lado. Sentindo a mesma agonia, dor, humilhação.
Houvera tempo para lágrimas, confissão?
O fato é, bem sabemos, que houve perdão e salvação.
Porque o amor de Jesus é assim...
Não importa nossa condição, nosso pecado, imperfeição.
Jesus nos aceita, compreende e perdoa.
Tal qual o ladrão da cruz
Basta apenas que lhe peçamos:
“Senhor, lembra-te de mim quando entrares no Teu reino.”


Elizabete Bifano
Rio, 15 de fevereiro de 1990

Você É Mãe

Mãe, gostaria que neste momento
você refletisse sobre “SER MÃE”...

Seu filho é pedra preciosa de Deus que a você confiou
para esculpir, moldar, proteger, amar...

Sei que não é fácil seu dia-a-dia,
pois eu também sou mãe!
São noites de sono perdido, tempo empregado,
atenção dispensada...

Qual é mesmo sua profissão?
Enfermeira, cozinheira, odontóloga,
médica, professora, psicóloga...
Por tudo isso, você é mãe!

Veja como é grande sua responsabilidade!
Quantas lágrimas já derramou
por causa do “dodói” de seu filhinho;
Quanta ira já sentiu diante de sua rebeldia;
Quanto desânimo já experimentou
ao perceber o desinteresse dele dia após dia;
Quanta zanga, tristeza, dúvida...
Por tudo isso, você é mãe!

Veja como é grande seu privilégio!
Quantos sorrisos já brotaram de sua boca
diante do “jeitinho de ser” de seu filho;
Quantas alegrias já teve ao ouvir
as declarações de amor que ele lhe fez;
Quanto orgulho já sentiu por causa do desempenho dele;
Quanto amor você experimenta
quando ele a acaricia, abraça, beija, sorri;
Quanto carinho, divertimento, realização...
Por tudo isso, você é mãe!

Sei que, fazendo as contas, é compensador,
pois eu também sou mãe!
São os passeios,
as conversas que só você sabe como ter,
as emoções que só você pode sentir...
Por tudo isso, VOCÊ É MÃE!


Elizabete Bifano
Rio, 25 de abril de 1992

Nossa Páscoa

E foi para ele um longo dia
Dia amargo, dolorido, pesado...
Enquanto seu corpo enfraquecia, fraquejava
Seus sentimentos em seu coração moía
E sua alma agoniava.

E o Pai, onde estava?

Sem dizer nada ele seguia seu caminho
O caminho que lhe haviam designado...
E lá, ele não era mais que um frágil cordeiro
Sentia-se abatido, cansado e humilhado
Mas continuava calado.

E o Pai, qual era seu paradeiro?

O desfecho final, sem piedade viria
Terríveis momentos ainda viveria
Quando palavras proferiu, a turba alucinada, riu...
Não sabia reconhecer tanta sabedoria
Nem ver o que a natureza mostrava.

E o Pai? Ele não se apiedava?

Enquanto as trevas o dia claro enegrecia
A tristeza e a dor lhe esmorecia
As forças lhe abandonava, ele suava
Gotas com forma de coração, de perdão, de oração
Por todos aqueles que ele eternamente amaria.

E então, pelos nossos pecados, o Pai lhe abandonava.

Na dura lápide, depressa, seu corpo colocaram
Com uma grande e fria pedra, sua morte selaram...
A inexorável lei deveria ser cumprida, obedecida
Em seu túmulo deixaram o Filho morto
Há solidão em volta, é noite já no horto

E o coração do Pai? Quieto e dolorido, lá fora aguardava...

Era cedo da manhã terceira, desde que tudo começara,
Quando a luz brilhou sobre o corpo inanimado.
Seu rosto foi descoberto e contemplado
Fazia muito tempo já, desde que o abraçara
E o toque do Criador, da Vida fez a Vida.

Foi nesse exato momento, que o Pai chorou

Quando do túmulo a pedra foi removida
Não se encontrou ali presença mui querida
- Para onde levaram meu Senhor, aquele que me salvou?
E ele, sorrindo, cheio da graça e ternura
A ela despede, em paz e candura.

Pois da morte, o Pai, a seu Filho resgatara.


Elizabete Bifano
Rio, 29/03/2010

Minha Gente

Gente, é muita gente!
Gente alta, gente baixa,
Gente que pensa que não é gente,
Gente que sente que não tem gente.

Gente grande, gente pequena
Gente nova e gente não muito nova.
Gente grande que não cresceu e
Gente nova que envelheceu!

Gente que pensa e repensa
Gente que fala e nunca pensa.
Gente que se conhece e não se entende
Mas que aprende de repente.

Gente que escuta, e gente que não sabe escutar
Gente que procura, mas não consegue achar.
Gente calada, gente falante
Gente parada, gente errante.

Gente que só chora – é gente que só usa a emoção
E gente que nunca chora – é gente só usa a razão.
Gente que ri quando quer chorar – pra disfarçar
E gente que aprende a rir e chorar – não tem vergonha de se mostrar.

Gente imatura, gente madura
Gente doente, gente ausente
Gente contente, gente descontente
E gente que cresce e resplandece
Gente que insiste e persiste
Gente que desiste é triste.

Gente que vem e vai
Gente que sai engasgada, desencontrada, petrificada.
Gente que vem e fica
Gente que vai renovada, modificada, restaurada.

Gente que com cacos constrói um mosaico
Gente que com lágrimas aprende a ver adiante
Gente com profundas e dolorosas marcas da vida
Gente com vida profunda e sensivelmente marcante.

Gente que ama demais e gente que não aprendeu a amar.
Gente que dá espaço demais e gente que não sabe respeitar.
Gente que gosta de aparecer e gente que gosta de ser invisível.
Gente muito sensível e gente por demais insensível.
Gente que tem medo de Deus, gente que a Deus teme
Gente que navega sem Deus, gente que é Deus o seu leme.
Gente que a Deus enternece, gente que a Deus entristece
Gente que conhece Deus e gente que a Deus desconhece.
Gente que de Deus reclama e gente que só a Deus clama
Gente que ama a Deus, gente que Deus ama.

Gente, gente, gente, gente...

Gente!
É muita gente a minha gente,
Mas que acima de tudo é gente
Gente parecida com a gente.


Elizabete Bifano
Rio, 12 de dezembro de 2004

A História que Nasceu na Casa da Lúcia

A manhã já ia alto...
Em cada canto da casa a preguiça se espalhava...
Uma voz aqui, outra ali
A família acordava.
A piscina sem ninguém, o jardim também.
Enquanto uma revista folheava, ouvia-se uma voz que soava:
- Vamos, filhinho, vamos, coragem!
Era a voz da mamãe passarinha que falava.
Que bela cena, que doce imagem...
O pequenino mal batia as asas
Um pequeno vôo bastava.
Cansava ou se distraia com o que via?
E a mamãe encorajava.
Em pouco tempo ela partiu...
O que será que sentiu?
O que acontecerá com o filhotinho
Sem a mamãe bem pertinho?
Mas ele ali ficou, parecendo despreocupado
Parecia que nem percebia que a mamãe havia voado.
Curtos vôos ensaiou,
Aqui e ali beliscou.
Alguém tentou socorrer,
Mas o passarinho sabia se proteger
E do perigo se defender.

Rica lição a história
da casa da Lúcia nos traz:
Nossos filhinhos nascem e quanto bem isso nos faz!
Mas um dia eles crescem,
Adquirem autonomia
E vai embora a nossa glória,
Nossa herança, nossa euforia...

Saímos de suas vidas e eles ficam despreocupados
Na certeza de que todo dia, mesmo de longe,
Nos sentirão ao seu lado.
E certamente se lembrarão,
Com uma doce saudade,
Do seu ninho, do aconchego,
Dos conselhos, do apego
E de que seus pais os amarão
Por toda a eternidade.


Elizabete Bifano
Rio, 18 de março de 2005

A Canção do Coração

Senhor!
Estive em amargura e medo
Confusa entre a fé e o desconhecido
Necessitava da tua proteção e certeza.
Muito insegura e frágil
Só pude resistir
Colocando-me inteira em tua mão.
Faminta da tua palavra
Em muitos momentos ouvi tua voz, meu Senhor!
Ela era clara, óbvia, inconfundível, verdadeira.
Me dizia...

Ainda que andes pelo vale da sombra da morte
Não temas...
Porque estou contigo.

Levanta teus olhos para os montes...
Eu te darei socorro.

Sou teu refúgio e fortaleza...
Socorro bem presente na angústia.

Deita-te em paz e segura...
Porque eu te protejo.

Naqueles dias sombrios só contigo pude caminhar...
Não posso negar que muitas vezes houve a batalha entre a fé e o medo.
Sentia-me menorzinha que um grão de mostarda.
Mas a fé me sustentou e o meu Senhor me consolou.

E agora, que as nuvens dissiparam,
Resta só louvor.
Louvor por tudo o que emana de ti, meu Senhor:
Tua graça que me basta
Teu amor sempiterno
Tua proteção constante
Teu consolo maior
Tua paz inconfundível!

Agora que o brilho voltou aos olhos
Agora que o sorriso brota nos lábios
E agora que a canção canta no coração...

Resta só louvor!
Só louvor!
Só louvor!


Elizabete Bifano
Rio, 26 de fevereiro de 1992

Vida

(Elizabete Bifano)

Uma vida que se vai de encontro ao Pai
Vida vivida cheia de sorriso
Adornada por um invólucro tão bonito
Com um certo que de espevitada.

Vida a viver no Paraíso
Espalhando gargalhada
Pulando de nuvem em nuvem
E até fazendo palhaçada.

Vive em paz vida querida
De mãos dadas com Jesus
Da Árvore da Vida colhe tuas estrelas
E desfruta à sombra da cruz.

De volta aos braços de quem te amou primeiro
Espera feliz por nós
Coração de quem vai ou fica
Não se separa jamais!

Menina Serei

Menina serei inda que desminta a aparência
E se acabe qualquer inocência
Menina serei mesmo que a mulher amadureça
E do brincar ela se esqueça

Menina serei apesar de cada circunstância
Que tenta levar a alegria à distância
Inda que cheguem os anos
E eles levem o vigor da vida, pela lida

Menina serei...

Menina serei enquanto
Um carinho for capaz de enxugar o meu pranto
Menina serei de fato
Até quando puder rir de um tonto pato
Menina serei sem surpresa
Ao não negar uma sobremesa

Menina serei...

Menina serei enquanto
Houver bala e bolo
Brinquedo quebrado, palmada e consolo
Dodói e herói

Menina serei enquanto
Olhar um bebê e sentir seu encanto
Admirar a beleza da flor
Fazer viver e reviver o amor

Menina serei
Enquanto sonhos tiver
Enquanto amanhã houver
Enquanto bonecas quiser

Enquanto positivo olhar
Enquanto chuva cair
Enquanto o sol luzir
E em milagres acreditar

Enquanto a vida deixar
Menina serei...

Menina serei enquanto do Pai precisar de colo
E não sentir que o amolo
Em seus braços me aconchegar e nada mais desejar

Menina serei!

Filosofando...

Ontem já se foi...
Não é possível retornar.
Amanhã ainda virá...
Não é possível, hoje, chegar lá.
Hoje existe, estou vivendo agora...
É possível aproveitar cada minuto então.

Coisas de Casal

Que todo casal tem seus conflitos, suas diferenças, já estamos cansados de saber. Entretanto, a maneira como cada casal lida com o conflito e se comporta diante dele é da forma mais variada.
Dia desses, ministrando a casais, ouvi um relato que fez com que todo o grupo participante risse bastante.
Marido e mulher estavam estressados um com o outro. Até mesmo evitando uma discussão, ele foi para o quintal, dar comida às galinhas. Ela foi atrás dele e o trancou no galinheiro. Ele ficou lá, pedindo para ser liberto. Depois de um tempinho ela foi e atendeu aos apelos. Em vez de aumentar o estresse, ambos usaram o bom humor e riram da brincadeira, restabelecendo a harmonia conjugal.
Usar o bom humor em situações conflitantes no casamento não é impossível. Com um pouco de esforço e investimento de amor é até bem viável. E é claro que o casal acaba sendo beneficiado com isso.
Compreendam-me bem, por favor. Não estou dizendo que se deva trancar os maridos ou as esposas em galinheiros – até porque nem todos tem um quintal e um galinheiro. Mas acredito e tenho visto que aplicar o bom humor diante de conflitos e estresse conjugal pode ser uma excelente estratégia para apaziguar os ânimos e desarmar a si mesmo e o outro, evitando assim discussões e brigas.
Sabemos, na verdade, que há pessoas que já nascem azedas; vivem mal humoradas e dificilmente riem de alguma coisa. Mas manter o conceito de que “eu nasci assim e vou morrer assim” não é saudável para nenhuma pessoa e nenhum relacionamento.
Toda pessoa deveria aprender a rir de si mesma, de suas tolices e todo casal deveria também aprender a rir de si mesmo e das tolices que ambos cometem. Se travam brigas por coisas tão pequenas, poderiam rir destas coisas pequenas em vez de discutir por causa delas.
Conheço um casal que durante 30 anos discutia porque ele abria o filtro e depois esquecia de fechar. Inúmeras vezes a talha transbordou e eles brigaram. Um dia ela desistiu de reclamar e ambos decidiram que todas as vezes que aquilo acontecesse de novo, iriam, juntos, lavar o chão da cozinha. Usaram a sensatez e o bom humor e puseram fim àquele eterno conflito.
Conheci uma esposa completamente desorganizada. Ela não tinha o menor jeito para as tarefas domésticas. A casa vivia desarrumada. Quando iam receber visitas, o marido a ajudava a por um pouco de ordem nas coisas. Entretanto...
Um belo dia, sem avisar, chegaram visitas. O sofá estava repleto das mais variadas coisas. A mesa da sala totalmente coberta por livros e papéis. Enquanto o marido atendia a porta, e ouvindo quem estava chegando, ela correu em direção ao sofá, numa tentativa de tirar as coisas e dar espaço para as visitas se sentarem. Não deu certo, é claro. Enquanto os visitantes entravam, ela escorregou e foi ao chão e todas as coisas que carregava desabaram em cima dela. O marido veio ajudar e caiu também. Sem se conter diante de tamanho caos, o marido foi o primeiro a começar a rir e em instantes todos estavam as gargalhadas. Naquela noite ainda eles foram dormir rindo da situação.
Bom humor. Estas duas palavrinhas podem ser mágicas. Podem dar graça a uma situação constrangedora, podem trazer alívio a uma tolice feita, podem aliviar o estresse e podem evitar discussões tolas.
Elas podem até ter o poder de ir quebrando corações endurecidos e amargurados de cônjuges que precisam aprender a encarar a vida com graça.


Elizabete Bifano
Junho, 2000

Antes de Dizer Adeus

Aqueles a quem amamos vão-se embora de nossas vidas muito cedo. Muitas vezes sem se despedir. Outras vezes com um até logo. Talvez com um sorriso. Talvez com lágrimas. Talvez partindo para sempre. Talvez para um dia voltar.
Mãos que um dia acariciaram, trabalharam, se aquietam. Olhos que um dia brilharam e choraram se apagam. Lábios que por dias aconselharam e elogiaram se calam. Presença que por muito tempo preencheu, deixou.
Quem fica quase sempre tem a sensação de que aquela pessoa querida não deveria ter ido tão cedo. Por mais tempo que estivesse presente.
Se nos lembrássemos sempre destas coisas, certamente tomaríamos muitas atitudes diferentes das que tomamos com nossos entes queridos no dia-a-dia. Certamente abraçaríamos mais os filhos e beijaríamos mais o cônjuge. Certamente pensaríamos, pelo menos duas vezes, antes de dizer palavras que ferem o coração e magoam a alma. Também refletiríamos sobre atitudes que tomamos que inibem e desanimam a quem amamos.
Certamente pensaríamos mais neles do que em nós mesmos.
Provavelmente lembraríamos mais dos bons do que dos maus momentos vividos e tiraríamos muito mais tempo para estar juntos.
Ao longo da vida tenho observado despedidas muito tristes, regadas por lágrimas de arrependimento ou por palavras de rancor. São despedidas doloridas não por causa da saudade, mas por causa dos ressentimentos. São maridos, mulheres, pais, filhos e parentes que lamentam pelo tempo perdido. Ou por não terem mais tempo. A oportunidade sempre passa. É preciso estar sempre atento. Fazer melhorar relacionamentos difíceis é uma tarefa para o presente. O futuro é incerto demais para arriscar e deixar para amanhã. O amanhã poderá ser tarde demais.
Trabalhemos hoje para que cada despedida que tivermos de fazer nesta vida seja feita com um sorriso e até logo. Ou com um beijo de saudade.
Por isso, antes de deixar que um cônjuge saia de sua vida, trabalhe para lhe reconquistar. Antes de ver um filho deixar o lar trabalhe para que aonde ele for, de vez em quando, sinta o desejo de voltar. E trabalhe para que antes que pai e mãe dêem o último suspiro de vida a culpa e o remorso não venha lhe atormentar.
Não é uma experiência fácil ver quem amamos partir. As emoções ficam mexidas, sentimentos afloram. A saudade chega e fica por muito tempo. É preciso fazer readaptações na vida. Lidar com esta realidade já é suficiente. Vamos trabalhar para que nossos relacionamentos familiares sejam bons e equilibrados o suficiente para que quando chegar a hora de dizer adeus seja possível nos despedirmos sentindo paz na alma.
Por tudo isso, antes de dizer adeus derrube os muros que prejudicam seu relacionamento conjugal ou familiar e construa pontes que alcancem corações e mentes.
Antes de dizer adeus aprenda a perdoar e caminhar junto.
Antes de dizer adeus olhe e compreenda.
Antes de dizer adeus plante, colha e dê flores.
Antes de dizer adeus abrace e deixe-se abraçar.
Antes de dizer adeus abençoe.
Antes de dizer adeus fale.
Antes que os lábios se calem e não tenham mais oportunidade de falar.
Antes de dizer adeus ame.
Antes que os corações parem e não tenham mais a oportunidade de se reencontrar.


Elizabete Bifano
Dezembro, 1998

Além das Núvens

Com meia hora de atraso decolamos rumo à Brasília, com a missão de ministrar num Congresso de Família.
No Rio, o céu estava nublado. Ao passar entre as densas nuvens, parecia que todo o percurso estaria assim, mas o avião continuou subindo e logo além das nuvens o sol brilhava intensamente. Enquanto a aeronave ganhava mais altitude, um “mar” de nuvens se avistava logo abaixo, até ao longe e acima o sol brilhava.
Fiquei pensando...
Assim deve ser a família, como um avião, que com força e segurança leva seus tripulantes da nebulosidade ao sol brilhante.
A vida apresenta dias difíceis, dores, tristezas, luto. A família passa por vales de sombra e de morte. É acometida por crises, enfermidades e perdas. “No mundo tereis aflições”, nos disse Jesus.
Conheci uma família que perdeu uma criança que havia acabado de completar 10 anos de idade. Que dor daquela mãe, daquele pai, do irmãozinho!
Conheci outra família que tinha um de seus membros deprimido. Anos a fio lidavam com a ingrata doença.
Eu e você conhecemos muitas famílias com experiências assim. Nossas próprias famílias já passaram por dias difíceis.
Durante nossa existência, há e sempre haverá muitos dias nublados, muitos dias chuvosos.
Não é nada fácil enquanto estamos vivendo dias assim. Temor, dúvida, tristeza, dor, solidão, e tantos outros sentimentos pesados afetam o equilíbrio e a estabilidade pessoal e das relações conjugais e familiares. Para que o caos não se instale ou não desmorone as relações, é preciso calma e cautela. Há ocasiões em que nada se pode fazer a não ser esperar. Esperar em Deus.
Certa vez trabalhei com uma pessoa que passava por uma grave crise existencial. Ela procurava saídas para seus problemas, porém, por mais que procurasse não as encontrava. Ela lutava consigo mesma e com Deus. Queria respostas e elas não chegavam. Enquanto se debatia em meio a sua crise, parecia que toda a sua situação piorava. Depois de várias semanas de luta em vão, aquela pessoa resolveu parar de lutar. Começou a por em exercício o descanso, a fé e a esperança. Durante algum tempo, ainda que as respostas não chegassem, nem que os problemas não se resolvessem, ela experimentava a paz interior e a certeza de que Deus estava no controle. Ela passava por entre as densas nuvens, mas sua fé lhe assegurava que tudo iria melhorar. No tempo de Deus, mas iria melhorar.
Mesmo quando os dias estão nublados, Deus está lá conosco. E a família cristã deve acreditar sempre nisto.
Já vi famílias que se desestabilizaram e casais que se separaram por causa das crises. Não souberam esperar a crise passar. Não puderam crer que aqueles dias difíceis acabariam. Não tinham suporte emocional nem espiritual para resistir. Desmoronaram.
O ser humano tem pouca resistência à dor. Não suporta as dores físicas, muito menos as dores emocionais. Quer que passe depressa. Mas há muitas dores e crises que só o tempo fará passar.
E durante esse tempo de espera, estar em família, encontrar apoio e segurança nela é essencial. A família deve ser um sustentáculo em si mesma, onde todos os seus membros possam encontrar conforto e consolo, possam orar e chorar juntos, possam se abraçar. Que possam crer que, juntos, não haverá o que temer. Assim como a aeronave, forte e resistente deve ser a família, abrigando e conduzindo seus membros através das densas e pesadas nuvens. Porque acima delas o sol sempre brilhará.

Elizabete Bifano
Maio, 2003

Olho o Passado e Sei

Olho para o passado e sei
Que em tudo esteve tua mão
Mantendo em nós a calma
Estando presente ao nosso lado.

Tristeza e alegrias
Dor e cura
Lutas e vitórias
Mas sempre tivemos teu cuidado.

Pode ser que nem sempre pudemos sorrir
Pode ser que muitas vezes não pudemos compreender
Pode ser que nem uma canção tenhamos te oferecido
E nem mesmo uma oração inteira entregado.

Encheu-nos o coração de paz
Essa paz tão grande e inexplicável
Acalentou nossos sonhos tão sonhados
Caminhou conosco lado a lado.

E mesmo que nem sempre
Houvesse cores em todos os momentos
Foi tua mão que nos guiou
E teu amor tem nos sustentado.

Por todos os arco-íris
Que contemplamos
Ou deixamos de ver
Porque não tenhamos olhado...

Hoje
Tudo o que fomos
Tudo o que somos
Tudo o que seremos

Ó Deus de nossos pais
De nosso casamento
E de nossa família amada
A ti é dedicado.



Elizabete Bifano
01/05/2009

Fábrica de Gente

“Família é fábrica de gente” define Gilda Franco Montoro, uma das escritoras do livro Um olhar sobre a família.
Esta é uma definição simples, porém interessante e muito, muito verdadeira. As famílias fabricam pessoas, fabricam cidadãos, fabricam futuros esposos e esposas, pais e mães. As famílias fabricam gente com todos os tipos de estrutura – física, moral, espiritual, emocional e psicológica.
É na família que tudo começa. Aprende-se a ser honesto, trabalhador; aprende-se a ser esposo e pai, a ser esposa e mãe, a ser cidadão e cidadã. A partir dos exemplos que se vê é que o caráter das pessoas vão se formando. Na criança, essa formação ocorre, principalmente, até os 7 anos. Dos 7 aos 11, alguma coisa mais apenas se acrescenta. Após os 12 anos, é preciso que Deus comece a fazer milagre.
Quando era menina, conheci, no bairro em que morava, uma fábrica que não produziu boa gente. Eram 5 filhos – 2 homens e 3 mulheres. A mãe, além de espancar os filhos, os mordia, chutava e xingava. O pai era completamente ausente e alheio ao que acontecia ali durante o dia; não se importava. Os dois meninos cresceram e se tornaram marginais. Um foi assassinado precocemente e o outro foi preso. Uma das filhas se casou com um homem 40 anos mais velho e mantinha casos extra conjugais. A outra tratava os 3 filhos tal qual a mãe e a mais nova engravidou aos 13 anos, depois desapareceu, abandonando o filho.
Já conheci fábrica de gente com mãe que se fingia de morta, com mãe que entregava os filhos para as babás criarem (incluindo noites, fins de semana e feriados), com pai ausente na criação dos filhos, com pai que abandonou a família. E já conheci “sobreviventes” – termo usado na psicologia para definir as pessoas que dão certo, apesar da “fábrica” de onde vieram.
A Bíblia também traz exemplos, como o do sacerdote Eli e do rei Davi. De cujas “fábricas” saíram filhos extremamente insubmissos.
Estes são fatos tristes sobre fábrica de gente que, infelizmente, existe em grande número.
Toda família comete erros, todos os pais e mães cometem erros. Entretanto, há erros imperdoáveis. Há erros que deixam marcas indeléveis, que para sempre deixarão seqüelas. Causarão tantos danos que os produtos sairão das fábricas com defeito de fabricação irreparável.
Para exemplificar, podemos citar todo e qualquer tipo de abuso (inclui-se, é claro, o abuso sexual) e agressão física e psicológica, depreciação e menosprezo constantes, total ausência de pai e/ou mãe, entre outros.
Mas graças a Deus existem fábricas de gente muito melhores, com bons e excelentes resultados de produção.
Como este a Bíblia também traz exemplos, um dos melhores é o de Eunice, que mesmo casada com um descrente, “produziu” o pastor Timóteo )2 Tm
Há algum tempo ouvi uma narrativa sobre um pai, porteiro de um prédio, sobre sua “fábrica”. Dois filhos e duas filhas foram criados numa das favelas do Rio de Janeiro. Apesar das dificuldades para criar os filhos naquele meio, todos cresceram e se tornaram bons cidadãos, que também construíram suas “fábricas”. Quando indagado, revelou o segredo: muita conversa, limites e sua presença constante e amiga de pai.
Diante dos fatos torna-se necessário refletir. Que tipo de fábrica é a nossa? Que tipo de gente ela fabrica?


Elizabete Bifano
Maio, 2002

Ser Amável

Se perguntássemos a todas as pessoas, certamente todas elas responderiam que querem se amadas.
No que tange o casamento, é tão bom sentir do cônjuge o carinho, receber um agrado ou um sorriso, ganhar um elogio ou um presente, ser abraçado, mimado, obter um favor. É tão gratificante ver que nosso cônjuge está empenhado em fazer nossa vontade, em cooperar conosco. É tão agradável ouvir sua voz sempre suave e cordial e ter sempre um par de ouvidos pronto a nos ouvir. È tão lindo ver o quanto ele faz por nós e o quanto nos ama.
Sim, todos nós queremos ser amados, mas... quem quer e se dispõe a ser amável?
De acordo com o Dicionário Aurélio, amável é aquele “Digno de ser amado. Procura agradar, delicado, atencioso. De trato ameno (afável, aprazível, suave), agradável, simples, sincero, franco. Em que há amabilidade”.
A Sulamita, em Cantares 1.16 refere-se assim ao seu amado: Eis que és formoso, ó amado meu, como és amável também...”
Tenho ouvido o relato de muitas esposas e esposos e, seguramente, posso afirmar que seus cônjuges não são nada amáveis. Homens grosseiros, frios, distantes, irascíveis, pessimistas, mal educados, egoístas. Mulheres mal-humoradas, hostis, insatisfeitas, deprimidas, críticas, desagradáveis, infantis.
Se queremos ser amados, temos o dever de sermos amáveis. Sim, porque é impossível amar totalmente uma pessoa que não é amável.
Na prática do dia-a-dia, podemos dizer que um esposo amável é aquele que trata sua esposa com delicadeza e gentileza. É aquele que não envergonha sua esposa na frente dos outros, que procura ajuda-la em suas tarefas domésticas e que sabe ouvir quando ela quer lhe dizer algo. Um esposo amável procura usar palavras saudáveis e falar sem agredir. Gosta de andar de mãos dadas com ela, de abraçá-la e chamá-la por um nome carinhoso. Demonstra amor todos os dias, se esforça para compreendê-la e para mudar a fim de fazê-la mais feliz. Ele sabe elogiar a beleza da esposa e colocá-la no lugar de honra em sua vida.
“Assim deve o marido amar a sua mulher, como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.” Ef 5.28
Na prática, podemos dizer que uma esposa amável é aquela que trata seu esposo com respeito e doçura. É aquela que não fala mal do esposo na frente dos outros, que procura se interessar pelas coisas do “mundo masculino” e ser compreensiva e companheira. Uma esposa amável não briga por qualquer coisa nem vive reclamando o tempo todo, porque sabe falar com sabedoria e amor e se calar na hora certa. Se sente honrada em pertencer a ele e ser-lhe submissa, mesmo que isto exija um grande esforço. Ela gosta de preparar pequenos mimos para seu marido e se sente feliz em vê-lo feliz.
“Melhor é morar no deserto do que com uma mulher briguenta e amargurada”. Pv 21.19
Um ser amável é um ser gentil, bondoso, de agradável convivência, de bom humor. É um ser que se comporta de tal maneira que seu cônjuge olha e sente orgulho e prazer de estar casado com esse ser.
Ser amável é renunciar um pouco do eu para fazer a vontade do outro; é quebrar o orgulho da própria razão para dar lugar ao sentimento pelo outro; é deixar de olhar com os próprios olhos para ver com os olhos do outro.
Diante de tudo isto, vai a pergunta que não quer calar: Você é amável?

Elizabete Bifano
Julho, 2005

Tulipas

Ganhei belas tulipas esculpidas em madeira
Minha casa enfeitei
Ganhei bulbos de tulipa de verdade
Na fofa terra plantei
Reguei
Cuidei
Amei...
Meses se passaram...
É assim mesmo!
Disseram.
Esperei...
Num belo dia de sol um brotinho surgiu
Mas poucos dias resistiu.
Ele não foi feito pra viver nas quentes cidades
Chorei...
Das minhas tulipas sonhadas, saudades.


Elizabete Bifano
Março, 2002

Nossa amizade

Não importam as circunstâncias
A distância
Nem as diferenças
Ou as crenças

É um sentimento antigo
Muito amigo
Resistente
E persistente

Assim é nossa amizade
De qualidade
Onde se pode sobre tudo rir, chorar e falar
E, às vezes, até se calar...

Sem haver receio ou vergonha
A gente abre o coração e sonha
Mantendo viva a esperança
Parecida com alma de criança
De em breve nos reencontrar.


Elizabete Bifano
Julho, 2006

Ele Está

Um dia ele chegou
Entrou em minha vida aos pouquinhos
De mansinho...
Mas ele não incomoda nem ocupa muito lugar.
Sua presença é afável, sinto segurança
Quando se zanga comigo
Não se afasta nem me despreza
Mas seu olhar entristece e não me toca
Choro...
Perdão?
E seu olhar meigo e verdadeiro,
Profundo e companheiro vem
Acalenta meu coração e meu pensar
E leva-me além
Além de toda compreensão,
Ao mais profundo do amor e adoração.
Queria andar de mãos dadas com ele
Beijar seus pés...
Como ainda não me é possível
Entrego a ele através
Do meu ser sensível minha vida
Até meu momento derradeiro
A ti, Jesus, minha alegria e amor primeiro
Que me ama como ninguém
Como ninguém jamais irá me amar
Como só alguém que pode me salvar.


Elizabete Bifano
Abril, 2009

Lugar Para Amar

Laço bendito, laço sagrado
Por Deus querido, santificado
É a família, perfeita criação
Por ela peço, em oração
Que o Pai Celeste a proteja
Para que seja o que se almeja
Que o Pai Celeste a proteja

Família, um lugar para amar
Família, um lugar de amor
Onde esposos e esposas, filhos, pais e mães
E todos da família
E todos na família bendizem ao Senhor

A ti, ó Deus, consagro meu viver
Ao Espírito Santo submeto meu querer
Sim, a Jesus venho me entregar
Para que minha família
Seja um lugar para amar
Que o Pai Celeste a proteja
Para que seja o que se almeja
Que o Pai Celeste a proteja

Senhor Jesus, que seja todo o meu lar
Um lugar que me acolha e não escolha
Se deve ou não deve amar
Onde meu coração se aqueça
Meu espírito enterneça
Onde possa sonhar e compartilhar
Onde meu coração se aqueça

Quero trabalhar e dar o meu amor
Crescer, mesmo em meio à dor
Dedicando minha vida
À família querida
Sem medo, tristeza ou rancor
Onde reine a paz do Senhor
Para que seja o que se almeja
Que o Pai Celeste a proteja.


Elizabete Bifano
Janeiro, 2009

Encanto

Beija-me os pés
e vem falar comigo
Faz tempo já que não te vejo
e a saudade é grande...
Não fica nunca longe
Vem de encontro a mim
Lava o meu corpo
Leva minhas lágrimas
Embala os meus sonhos
Abre meu sorriso
Brinca comigo
enquanto te contemplo.
És a alegria de que preciso hoje!
De tão belo és magnífico
De tão profundo és surpreendente.
Veja! Faz-se a hora e agora tenho de ir-me
Pois a lua já se reflete em tuas verdes águas
Porém em minha alma sempre e para sempre
carrego teu encanto
Ó mar lindo...

Elizabete Bifano
Outubro, 2007

Além dos Olhos

A vida religiosa exige um ativismo
muitas vezes desenfreado.

A comunidade religiosa exige pessoas
sem defeitos e erros.

A vida espiritual exige um aquietar-se
mesmo diante do caos.

Deus exige das pessoas
um coração sincero e quebrantado.

Vida religiosa é terrena.
Vida espiritual é celestial.

A vida religiosa beneficia a conduta.
A vida espiritual beneficia a fé.


Elizabete Bifano
Setembro, 2005

Natureza Morta

Suas águas escorrem
Escuras e fétidas.
Uma pequenina cachoeira se vê
Parecem lágrimas que escorrem...
É o fio de um rio outrora caudaloso e belo
Hoje espremido em seu leito na cidade grande, chora...

Elizabete Bifano
Maio, 2006

Pássaro Ferido

Psic. Elizabete Bifano

Já observaram um pássaro ferido? Ele não voa nem canta. Permanece amuado e triste. Num canto da gaiola, ou num galho de árvore, fica quieto, como que sem vida. Ele existe para voar, cantar e, no vôo de sua liberdade encantar os olhos que o observa.
O coração humano foi criado para ser assim... viver em liberdade, para amar e cantar. Cantar de alegria. Bater no ritmo compassado da paz e da harmonia consigo mesmo, com os outros e com Deus, seu criador.
Mas os corações também são feridos. E, como os pássaros, perdem o significado de sua existência, batem descompassadamente, no ritmo da tristeza e da dor.
O coração é a sede da alma, da vida, das emoções. Ferido, a alma fica triste e a vida, vazia; o sorriso chora e a mágoa cala.
Certamente Deus irá agir com muita justiça para com as pessoas que provocam feridas grandes e doloridas nos corações de crianças, idosos, jovens, mulheres e homens.
Tenho visto corações com feridas tão profundas que precisam de anos de tratamento psicoterápico e muita graça de Deus derramada sobre ele para consertá-lo. Na maioria das vezes essas feridas são provocadas ainda na infância, roubando a alegria e a inocência da criança.
Não é nada fácil viver com o coração ferido. Ele fica pesado, mesmo quando há uma sensação de vazio nele; mesmo quando, para disfarçar a ferida, seu dono brinca e ri. Mesmo quando ninguém percebe, ou faz de conta que não percebe. No entanto, ele fica lá no peito, pesando e doendo, sangrando...
Muitas famílias estão sofrendo porque há nelas alguém que vive com o coração muito ferido. A dor desse coração contagia o coração dos outros membros da família e todos padecem.
Só temos uma vida e foi Deus quem nos deu. Só temos duas alternativas: ou a vivemos com o coração ferido, ou a vivemos com o coração saudável. Corações feridos precisam ser cuidados, precisam de remédio; corações quebrados podem ser consertados. Esse processo de cura e restauração nunca é fácil. Mexer na ferida dói e sangra, mas só assim torna-se possível curá-lo. Só assim torna-se possível organizar o passado, viver o presente e sonhar bons sonhos para o futuro. Não é possível viver novamente o passado para consertar o que foi feito de errado, mas é possível fazer diferente daqui para a frente. É preciso crer, é preciso buscar, é preciso lutar!
Liberto da ferida, o pássaro alça altos vôos e novamente entra em harmonia com a natureza de seu Criador.
Liberto da dor, o coração alça altos vôos em direção à vida e ao seu Criador. Encontra paz na vida e transmite paz aos que estão ao redor. A pessoa é beneficiada e a família também.
Portanto, cuide de seu coração e também do coração de seus familiares. Entregue um coração ferido em mãos cuidadosas e lembre-se de que “Deus aceitará um coração quebrado, se lhe forem entregues todos os pedaços.” (Eleanor Doan)

O Cristo

Lá do alto
De braços abertos sobre a cidade
Ele sorri...
Vê a beleza natural de suas montanhas e mares
Vê a alegria que brota nos lábios cantantes
dos moradores da bela cidade.
Ele olha e vê um povo que é bom...

Lá do alto
De braços pairando sobre a cidade
Ele chora...
Vê a violência brotar entre suas montanhas e praias
Vê a droga e a arma destruindo as famílias e a injustiça
entre as classes sociais dos moradores da pobre rica cidade.
Ele olha e vê um povo que é mau...

Lá do alto
De braços estendidos sobre os homens
Ele espera...
Vê o coração dos moradores da grande cidade
amar e odiar,
crer e desesperar,
sorrir e chorar.

Ele olha e vê um povo que precisa dele
Ele olha e vê um povo que o vê como um monumento de pedra
Ele olha e vê um povo que sabe que ele vê e sente
Ele olha... Vê... Espera...
para receber e cuidar do coração
dos moradores da maravilhosa cidade.
Sim, ele espera de braços abertos...



Elizabete Bifano
Rio, janeiro de 2006