Bem-vindos!

Olá
Espero que este blog lhe traga agradáveis momentos de leitura, meditação e distração.
Aproveite-o, mas lembre-se de que respeito e consideração sempre são devolvidos com amizade e carinho.
E voltem sempre, ok?
Bjc

Filosofando...

Ontem já se foi...
Não é possível retornar.
Amanhã ainda virá...
Não é possível, hoje, chegar lá.
Hoje existe, estou vivendo agora...
É possível aproveitar cada minuto então.

Coisas de Casal

Que todo casal tem seus conflitos, suas diferenças, já estamos cansados de saber. Entretanto, a maneira como cada casal lida com o conflito e se comporta diante dele é da forma mais variada.
Dia desses, ministrando a casais, ouvi um relato que fez com que todo o grupo participante risse bastante.
Marido e mulher estavam estressados um com o outro. Até mesmo evitando uma discussão, ele foi para o quintal, dar comida às galinhas. Ela foi atrás dele e o trancou no galinheiro. Ele ficou lá, pedindo para ser liberto. Depois de um tempinho ela foi e atendeu aos apelos. Em vez de aumentar o estresse, ambos usaram o bom humor e riram da brincadeira, restabelecendo a harmonia conjugal.
Usar o bom humor em situações conflitantes no casamento não é impossível. Com um pouco de esforço e investimento de amor é até bem viável. E é claro que o casal acaba sendo beneficiado com isso.
Compreendam-me bem, por favor. Não estou dizendo que se deva trancar os maridos ou as esposas em galinheiros – até porque nem todos tem um quintal e um galinheiro. Mas acredito e tenho visto que aplicar o bom humor diante de conflitos e estresse conjugal pode ser uma excelente estratégia para apaziguar os ânimos e desarmar a si mesmo e o outro, evitando assim discussões e brigas.
Sabemos, na verdade, que há pessoas que já nascem azedas; vivem mal humoradas e dificilmente riem de alguma coisa. Mas manter o conceito de que “eu nasci assim e vou morrer assim” não é saudável para nenhuma pessoa e nenhum relacionamento.
Toda pessoa deveria aprender a rir de si mesma, de suas tolices e todo casal deveria também aprender a rir de si mesmo e das tolices que ambos cometem. Se travam brigas por coisas tão pequenas, poderiam rir destas coisas pequenas em vez de discutir por causa delas.
Conheço um casal que durante 30 anos discutia porque ele abria o filtro e depois esquecia de fechar. Inúmeras vezes a talha transbordou e eles brigaram. Um dia ela desistiu de reclamar e ambos decidiram que todas as vezes que aquilo acontecesse de novo, iriam, juntos, lavar o chão da cozinha. Usaram a sensatez e o bom humor e puseram fim àquele eterno conflito.
Conheci uma esposa completamente desorganizada. Ela não tinha o menor jeito para as tarefas domésticas. A casa vivia desarrumada. Quando iam receber visitas, o marido a ajudava a por um pouco de ordem nas coisas. Entretanto...
Um belo dia, sem avisar, chegaram visitas. O sofá estava repleto das mais variadas coisas. A mesa da sala totalmente coberta por livros e papéis. Enquanto o marido atendia a porta, e ouvindo quem estava chegando, ela correu em direção ao sofá, numa tentativa de tirar as coisas e dar espaço para as visitas se sentarem. Não deu certo, é claro. Enquanto os visitantes entravam, ela escorregou e foi ao chão e todas as coisas que carregava desabaram em cima dela. O marido veio ajudar e caiu também. Sem se conter diante de tamanho caos, o marido foi o primeiro a começar a rir e em instantes todos estavam as gargalhadas. Naquela noite ainda eles foram dormir rindo da situação.
Bom humor. Estas duas palavrinhas podem ser mágicas. Podem dar graça a uma situação constrangedora, podem trazer alívio a uma tolice feita, podem aliviar o estresse e podem evitar discussões tolas.
Elas podem até ter o poder de ir quebrando corações endurecidos e amargurados de cônjuges que precisam aprender a encarar a vida com graça.


Elizabete Bifano
Junho, 2000

Antes de Dizer Adeus

Aqueles a quem amamos vão-se embora de nossas vidas muito cedo. Muitas vezes sem se despedir. Outras vezes com um até logo. Talvez com um sorriso. Talvez com lágrimas. Talvez partindo para sempre. Talvez para um dia voltar.
Mãos que um dia acariciaram, trabalharam, se aquietam. Olhos que um dia brilharam e choraram se apagam. Lábios que por dias aconselharam e elogiaram se calam. Presença que por muito tempo preencheu, deixou.
Quem fica quase sempre tem a sensação de que aquela pessoa querida não deveria ter ido tão cedo. Por mais tempo que estivesse presente.
Se nos lembrássemos sempre destas coisas, certamente tomaríamos muitas atitudes diferentes das que tomamos com nossos entes queridos no dia-a-dia. Certamente abraçaríamos mais os filhos e beijaríamos mais o cônjuge. Certamente pensaríamos, pelo menos duas vezes, antes de dizer palavras que ferem o coração e magoam a alma. Também refletiríamos sobre atitudes que tomamos que inibem e desanimam a quem amamos.
Certamente pensaríamos mais neles do que em nós mesmos.
Provavelmente lembraríamos mais dos bons do que dos maus momentos vividos e tiraríamos muito mais tempo para estar juntos.
Ao longo da vida tenho observado despedidas muito tristes, regadas por lágrimas de arrependimento ou por palavras de rancor. São despedidas doloridas não por causa da saudade, mas por causa dos ressentimentos. São maridos, mulheres, pais, filhos e parentes que lamentam pelo tempo perdido. Ou por não terem mais tempo. A oportunidade sempre passa. É preciso estar sempre atento. Fazer melhorar relacionamentos difíceis é uma tarefa para o presente. O futuro é incerto demais para arriscar e deixar para amanhã. O amanhã poderá ser tarde demais.
Trabalhemos hoje para que cada despedida que tivermos de fazer nesta vida seja feita com um sorriso e até logo. Ou com um beijo de saudade.
Por isso, antes de deixar que um cônjuge saia de sua vida, trabalhe para lhe reconquistar. Antes de ver um filho deixar o lar trabalhe para que aonde ele for, de vez em quando, sinta o desejo de voltar. E trabalhe para que antes que pai e mãe dêem o último suspiro de vida a culpa e o remorso não venha lhe atormentar.
Não é uma experiência fácil ver quem amamos partir. As emoções ficam mexidas, sentimentos afloram. A saudade chega e fica por muito tempo. É preciso fazer readaptações na vida. Lidar com esta realidade já é suficiente. Vamos trabalhar para que nossos relacionamentos familiares sejam bons e equilibrados o suficiente para que quando chegar a hora de dizer adeus seja possível nos despedirmos sentindo paz na alma.
Por tudo isso, antes de dizer adeus derrube os muros que prejudicam seu relacionamento conjugal ou familiar e construa pontes que alcancem corações e mentes.
Antes de dizer adeus aprenda a perdoar e caminhar junto.
Antes de dizer adeus olhe e compreenda.
Antes de dizer adeus plante, colha e dê flores.
Antes de dizer adeus abrace e deixe-se abraçar.
Antes de dizer adeus abençoe.
Antes de dizer adeus fale.
Antes que os lábios se calem e não tenham mais oportunidade de falar.
Antes de dizer adeus ame.
Antes que os corações parem e não tenham mais a oportunidade de se reencontrar.


Elizabete Bifano
Dezembro, 1998

Além das Núvens

Com meia hora de atraso decolamos rumo à Brasília, com a missão de ministrar num Congresso de Família.
No Rio, o céu estava nublado. Ao passar entre as densas nuvens, parecia que todo o percurso estaria assim, mas o avião continuou subindo e logo além das nuvens o sol brilhava intensamente. Enquanto a aeronave ganhava mais altitude, um “mar” de nuvens se avistava logo abaixo, até ao longe e acima o sol brilhava.
Fiquei pensando...
Assim deve ser a família, como um avião, que com força e segurança leva seus tripulantes da nebulosidade ao sol brilhante.
A vida apresenta dias difíceis, dores, tristezas, luto. A família passa por vales de sombra e de morte. É acometida por crises, enfermidades e perdas. “No mundo tereis aflições”, nos disse Jesus.
Conheci uma família que perdeu uma criança que havia acabado de completar 10 anos de idade. Que dor daquela mãe, daquele pai, do irmãozinho!
Conheci outra família que tinha um de seus membros deprimido. Anos a fio lidavam com a ingrata doença.
Eu e você conhecemos muitas famílias com experiências assim. Nossas próprias famílias já passaram por dias difíceis.
Durante nossa existência, há e sempre haverá muitos dias nublados, muitos dias chuvosos.
Não é nada fácil enquanto estamos vivendo dias assim. Temor, dúvida, tristeza, dor, solidão, e tantos outros sentimentos pesados afetam o equilíbrio e a estabilidade pessoal e das relações conjugais e familiares. Para que o caos não se instale ou não desmorone as relações, é preciso calma e cautela. Há ocasiões em que nada se pode fazer a não ser esperar. Esperar em Deus.
Certa vez trabalhei com uma pessoa que passava por uma grave crise existencial. Ela procurava saídas para seus problemas, porém, por mais que procurasse não as encontrava. Ela lutava consigo mesma e com Deus. Queria respostas e elas não chegavam. Enquanto se debatia em meio a sua crise, parecia que toda a sua situação piorava. Depois de várias semanas de luta em vão, aquela pessoa resolveu parar de lutar. Começou a por em exercício o descanso, a fé e a esperança. Durante algum tempo, ainda que as respostas não chegassem, nem que os problemas não se resolvessem, ela experimentava a paz interior e a certeza de que Deus estava no controle. Ela passava por entre as densas nuvens, mas sua fé lhe assegurava que tudo iria melhorar. No tempo de Deus, mas iria melhorar.
Mesmo quando os dias estão nublados, Deus está lá conosco. E a família cristã deve acreditar sempre nisto.
Já vi famílias que se desestabilizaram e casais que se separaram por causa das crises. Não souberam esperar a crise passar. Não puderam crer que aqueles dias difíceis acabariam. Não tinham suporte emocional nem espiritual para resistir. Desmoronaram.
O ser humano tem pouca resistência à dor. Não suporta as dores físicas, muito menos as dores emocionais. Quer que passe depressa. Mas há muitas dores e crises que só o tempo fará passar.
E durante esse tempo de espera, estar em família, encontrar apoio e segurança nela é essencial. A família deve ser um sustentáculo em si mesma, onde todos os seus membros possam encontrar conforto e consolo, possam orar e chorar juntos, possam se abraçar. Que possam crer que, juntos, não haverá o que temer. Assim como a aeronave, forte e resistente deve ser a família, abrigando e conduzindo seus membros através das densas e pesadas nuvens. Porque acima delas o sol sempre brilhará.

Elizabete Bifano
Maio, 2003

Olho o Passado e Sei

Olho para o passado e sei
Que em tudo esteve tua mão
Mantendo em nós a calma
Estando presente ao nosso lado.

Tristeza e alegrias
Dor e cura
Lutas e vitórias
Mas sempre tivemos teu cuidado.

Pode ser que nem sempre pudemos sorrir
Pode ser que muitas vezes não pudemos compreender
Pode ser que nem uma canção tenhamos te oferecido
E nem mesmo uma oração inteira entregado.

Encheu-nos o coração de paz
Essa paz tão grande e inexplicável
Acalentou nossos sonhos tão sonhados
Caminhou conosco lado a lado.

E mesmo que nem sempre
Houvesse cores em todos os momentos
Foi tua mão que nos guiou
E teu amor tem nos sustentado.

Por todos os arco-íris
Que contemplamos
Ou deixamos de ver
Porque não tenhamos olhado...

Hoje
Tudo o que fomos
Tudo o que somos
Tudo o que seremos

Ó Deus de nossos pais
De nosso casamento
E de nossa família amada
A ti é dedicado.



Elizabete Bifano
01/05/2009

Fábrica de Gente

“Família é fábrica de gente” define Gilda Franco Montoro, uma das escritoras do livro Um olhar sobre a família.
Esta é uma definição simples, porém interessante e muito, muito verdadeira. As famílias fabricam pessoas, fabricam cidadãos, fabricam futuros esposos e esposas, pais e mães. As famílias fabricam gente com todos os tipos de estrutura – física, moral, espiritual, emocional e psicológica.
É na família que tudo começa. Aprende-se a ser honesto, trabalhador; aprende-se a ser esposo e pai, a ser esposa e mãe, a ser cidadão e cidadã. A partir dos exemplos que se vê é que o caráter das pessoas vão se formando. Na criança, essa formação ocorre, principalmente, até os 7 anos. Dos 7 aos 11, alguma coisa mais apenas se acrescenta. Após os 12 anos, é preciso que Deus comece a fazer milagre.
Quando era menina, conheci, no bairro em que morava, uma fábrica que não produziu boa gente. Eram 5 filhos – 2 homens e 3 mulheres. A mãe, além de espancar os filhos, os mordia, chutava e xingava. O pai era completamente ausente e alheio ao que acontecia ali durante o dia; não se importava. Os dois meninos cresceram e se tornaram marginais. Um foi assassinado precocemente e o outro foi preso. Uma das filhas se casou com um homem 40 anos mais velho e mantinha casos extra conjugais. A outra tratava os 3 filhos tal qual a mãe e a mais nova engravidou aos 13 anos, depois desapareceu, abandonando o filho.
Já conheci fábrica de gente com mãe que se fingia de morta, com mãe que entregava os filhos para as babás criarem (incluindo noites, fins de semana e feriados), com pai ausente na criação dos filhos, com pai que abandonou a família. E já conheci “sobreviventes” – termo usado na psicologia para definir as pessoas que dão certo, apesar da “fábrica” de onde vieram.
A Bíblia também traz exemplos, como o do sacerdote Eli e do rei Davi. De cujas “fábricas” saíram filhos extremamente insubmissos.
Estes são fatos tristes sobre fábrica de gente que, infelizmente, existe em grande número.
Toda família comete erros, todos os pais e mães cometem erros. Entretanto, há erros imperdoáveis. Há erros que deixam marcas indeléveis, que para sempre deixarão seqüelas. Causarão tantos danos que os produtos sairão das fábricas com defeito de fabricação irreparável.
Para exemplificar, podemos citar todo e qualquer tipo de abuso (inclui-se, é claro, o abuso sexual) e agressão física e psicológica, depreciação e menosprezo constantes, total ausência de pai e/ou mãe, entre outros.
Mas graças a Deus existem fábricas de gente muito melhores, com bons e excelentes resultados de produção.
Como este a Bíblia também traz exemplos, um dos melhores é o de Eunice, que mesmo casada com um descrente, “produziu” o pastor Timóteo )2 Tm
Há algum tempo ouvi uma narrativa sobre um pai, porteiro de um prédio, sobre sua “fábrica”. Dois filhos e duas filhas foram criados numa das favelas do Rio de Janeiro. Apesar das dificuldades para criar os filhos naquele meio, todos cresceram e se tornaram bons cidadãos, que também construíram suas “fábricas”. Quando indagado, revelou o segredo: muita conversa, limites e sua presença constante e amiga de pai.
Diante dos fatos torna-se necessário refletir. Que tipo de fábrica é a nossa? Que tipo de gente ela fabrica?


Elizabete Bifano
Maio, 2002

Ser Amável

Se perguntássemos a todas as pessoas, certamente todas elas responderiam que querem se amadas.
No que tange o casamento, é tão bom sentir do cônjuge o carinho, receber um agrado ou um sorriso, ganhar um elogio ou um presente, ser abraçado, mimado, obter um favor. É tão gratificante ver que nosso cônjuge está empenhado em fazer nossa vontade, em cooperar conosco. É tão agradável ouvir sua voz sempre suave e cordial e ter sempre um par de ouvidos pronto a nos ouvir. È tão lindo ver o quanto ele faz por nós e o quanto nos ama.
Sim, todos nós queremos ser amados, mas... quem quer e se dispõe a ser amável?
De acordo com o Dicionário Aurélio, amável é aquele “Digno de ser amado. Procura agradar, delicado, atencioso. De trato ameno (afável, aprazível, suave), agradável, simples, sincero, franco. Em que há amabilidade”.
A Sulamita, em Cantares 1.16 refere-se assim ao seu amado: Eis que és formoso, ó amado meu, como és amável também...”
Tenho ouvido o relato de muitas esposas e esposos e, seguramente, posso afirmar que seus cônjuges não são nada amáveis. Homens grosseiros, frios, distantes, irascíveis, pessimistas, mal educados, egoístas. Mulheres mal-humoradas, hostis, insatisfeitas, deprimidas, críticas, desagradáveis, infantis.
Se queremos ser amados, temos o dever de sermos amáveis. Sim, porque é impossível amar totalmente uma pessoa que não é amável.
Na prática do dia-a-dia, podemos dizer que um esposo amável é aquele que trata sua esposa com delicadeza e gentileza. É aquele que não envergonha sua esposa na frente dos outros, que procura ajuda-la em suas tarefas domésticas e que sabe ouvir quando ela quer lhe dizer algo. Um esposo amável procura usar palavras saudáveis e falar sem agredir. Gosta de andar de mãos dadas com ela, de abraçá-la e chamá-la por um nome carinhoso. Demonstra amor todos os dias, se esforça para compreendê-la e para mudar a fim de fazê-la mais feliz. Ele sabe elogiar a beleza da esposa e colocá-la no lugar de honra em sua vida.
“Assim deve o marido amar a sua mulher, como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.” Ef 5.28
Na prática, podemos dizer que uma esposa amável é aquela que trata seu esposo com respeito e doçura. É aquela que não fala mal do esposo na frente dos outros, que procura se interessar pelas coisas do “mundo masculino” e ser compreensiva e companheira. Uma esposa amável não briga por qualquer coisa nem vive reclamando o tempo todo, porque sabe falar com sabedoria e amor e se calar na hora certa. Se sente honrada em pertencer a ele e ser-lhe submissa, mesmo que isto exija um grande esforço. Ela gosta de preparar pequenos mimos para seu marido e se sente feliz em vê-lo feliz.
“Melhor é morar no deserto do que com uma mulher briguenta e amargurada”. Pv 21.19
Um ser amável é um ser gentil, bondoso, de agradável convivência, de bom humor. É um ser que se comporta de tal maneira que seu cônjuge olha e sente orgulho e prazer de estar casado com esse ser.
Ser amável é renunciar um pouco do eu para fazer a vontade do outro; é quebrar o orgulho da própria razão para dar lugar ao sentimento pelo outro; é deixar de olhar com os próprios olhos para ver com os olhos do outro.
Diante de tudo isto, vai a pergunta que não quer calar: Você é amável?

Elizabete Bifano
Julho, 2005

Tulipas

Ganhei belas tulipas esculpidas em madeira
Minha casa enfeitei
Ganhei bulbos de tulipa de verdade
Na fofa terra plantei
Reguei
Cuidei
Amei...
Meses se passaram...
É assim mesmo!
Disseram.
Esperei...
Num belo dia de sol um brotinho surgiu
Mas poucos dias resistiu.
Ele não foi feito pra viver nas quentes cidades
Chorei...
Das minhas tulipas sonhadas, saudades.


Elizabete Bifano
Março, 2002

Nossa amizade

Não importam as circunstâncias
A distância
Nem as diferenças
Ou as crenças

É um sentimento antigo
Muito amigo
Resistente
E persistente

Assim é nossa amizade
De qualidade
Onde se pode sobre tudo rir, chorar e falar
E, às vezes, até se calar...

Sem haver receio ou vergonha
A gente abre o coração e sonha
Mantendo viva a esperança
Parecida com alma de criança
De em breve nos reencontrar.


Elizabete Bifano
Julho, 2006

Ele Está

Um dia ele chegou
Entrou em minha vida aos pouquinhos
De mansinho...
Mas ele não incomoda nem ocupa muito lugar.
Sua presença é afável, sinto segurança
Quando se zanga comigo
Não se afasta nem me despreza
Mas seu olhar entristece e não me toca
Choro...
Perdão?
E seu olhar meigo e verdadeiro,
Profundo e companheiro vem
Acalenta meu coração e meu pensar
E leva-me além
Além de toda compreensão,
Ao mais profundo do amor e adoração.
Queria andar de mãos dadas com ele
Beijar seus pés...
Como ainda não me é possível
Entrego a ele através
Do meu ser sensível minha vida
Até meu momento derradeiro
A ti, Jesus, minha alegria e amor primeiro
Que me ama como ninguém
Como ninguém jamais irá me amar
Como só alguém que pode me salvar.


Elizabete Bifano
Abril, 2009

Lugar Para Amar

Laço bendito, laço sagrado
Por Deus querido, santificado
É a família, perfeita criação
Por ela peço, em oração
Que o Pai Celeste a proteja
Para que seja o que se almeja
Que o Pai Celeste a proteja

Família, um lugar para amar
Família, um lugar de amor
Onde esposos e esposas, filhos, pais e mães
E todos da família
E todos na família bendizem ao Senhor

A ti, ó Deus, consagro meu viver
Ao Espírito Santo submeto meu querer
Sim, a Jesus venho me entregar
Para que minha família
Seja um lugar para amar
Que o Pai Celeste a proteja
Para que seja o que se almeja
Que o Pai Celeste a proteja

Senhor Jesus, que seja todo o meu lar
Um lugar que me acolha e não escolha
Se deve ou não deve amar
Onde meu coração se aqueça
Meu espírito enterneça
Onde possa sonhar e compartilhar
Onde meu coração se aqueça

Quero trabalhar e dar o meu amor
Crescer, mesmo em meio à dor
Dedicando minha vida
À família querida
Sem medo, tristeza ou rancor
Onde reine a paz do Senhor
Para que seja o que se almeja
Que o Pai Celeste a proteja.


Elizabete Bifano
Janeiro, 2009

Encanto

Beija-me os pés
e vem falar comigo
Faz tempo já que não te vejo
e a saudade é grande...
Não fica nunca longe
Vem de encontro a mim
Lava o meu corpo
Leva minhas lágrimas
Embala os meus sonhos
Abre meu sorriso
Brinca comigo
enquanto te contemplo.
És a alegria de que preciso hoje!
De tão belo és magnífico
De tão profundo és surpreendente.
Veja! Faz-se a hora e agora tenho de ir-me
Pois a lua já se reflete em tuas verdes águas
Porém em minha alma sempre e para sempre
carrego teu encanto
Ó mar lindo...

Elizabete Bifano
Outubro, 2007

Além dos Olhos

A vida religiosa exige um ativismo
muitas vezes desenfreado.

A comunidade religiosa exige pessoas
sem defeitos e erros.

A vida espiritual exige um aquietar-se
mesmo diante do caos.

Deus exige das pessoas
um coração sincero e quebrantado.

Vida religiosa é terrena.
Vida espiritual é celestial.

A vida religiosa beneficia a conduta.
A vida espiritual beneficia a fé.


Elizabete Bifano
Setembro, 2005

Natureza Morta

Suas águas escorrem
Escuras e fétidas.
Uma pequenina cachoeira se vê
Parecem lágrimas que escorrem...
É o fio de um rio outrora caudaloso e belo
Hoje espremido em seu leito na cidade grande, chora...

Elizabete Bifano
Maio, 2006

Pássaro Ferido

Psic. Elizabete Bifano

Já observaram um pássaro ferido? Ele não voa nem canta. Permanece amuado e triste. Num canto da gaiola, ou num galho de árvore, fica quieto, como que sem vida. Ele existe para voar, cantar e, no vôo de sua liberdade encantar os olhos que o observa.
O coração humano foi criado para ser assim... viver em liberdade, para amar e cantar. Cantar de alegria. Bater no ritmo compassado da paz e da harmonia consigo mesmo, com os outros e com Deus, seu criador.
Mas os corações também são feridos. E, como os pássaros, perdem o significado de sua existência, batem descompassadamente, no ritmo da tristeza e da dor.
O coração é a sede da alma, da vida, das emoções. Ferido, a alma fica triste e a vida, vazia; o sorriso chora e a mágoa cala.
Certamente Deus irá agir com muita justiça para com as pessoas que provocam feridas grandes e doloridas nos corações de crianças, idosos, jovens, mulheres e homens.
Tenho visto corações com feridas tão profundas que precisam de anos de tratamento psicoterápico e muita graça de Deus derramada sobre ele para consertá-lo. Na maioria das vezes essas feridas são provocadas ainda na infância, roubando a alegria e a inocência da criança.
Não é nada fácil viver com o coração ferido. Ele fica pesado, mesmo quando há uma sensação de vazio nele; mesmo quando, para disfarçar a ferida, seu dono brinca e ri. Mesmo quando ninguém percebe, ou faz de conta que não percebe. No entanto, ele fica lá no peito, pesando e doendo, sangrando...
Muitas famílias estão sofrendo porque há nelas alguém que vive com o coração muito ferido. A dor desse coração contagia o coração dos outros membros da família e todos padecem.
Só temos uma vida e foi Deus quem nos deu. Só temos duas alternativas: ou a vivemos com o coração ferido, ou a vivemos com o coração saudável. Corações feridos precisam ser cuidados, precisam de remédio; corações quebrados podem ser consertados. Esse processo de cura e restauração nunca é fácil. Mexer na ferida dói e sangra, mas só assim torna-se possível curá-lo. Só assim torna-se possível organizar o passado, viver o presente e sonhar bons sonhos para o futuro. Não é possível viver novamente o passado para consertar o que foi feito de errado, mas é possível fazer diferente daqui para a frente. É preciso crer, é preciso buscar, é preciso lutar!
Liberto da ferida, o pássaro alça altos vôos e novamente entra em harmonia com a natureza de seu Criador.
Liberto da dor, o coração alça altos vôos em direção à vida e ao seu Criador. Encontra paz na vida e transmite paz aos que estão ao redor. A pessoa é beneficiada e a família também.
Portanto, cuide de seu coração e também do coração de seus familiares. Entregue um coração ferido em mãos cuidadosas e lembre-se de que “Deus aceitará um coração quebrado, se lhe forem entregues todos os pedaços.” (Eleanor Doan)

O Cristo

Lá do alto
De braços abertos sobre a cidade
Ele sorri...
Vê a beleza natural de suas montanhas e mares
Vê a alegria que brota nos lábios cantantes
dos moradores da bela cidade.
Ele olha e vê um povo que é bom...

Lá do alto
De braços pairando sobre a cidade
Ele chora...
Vê a violência brotar entre suas montanhas e praias
Vê a droga e a arma destruindo as famílias e a injustiça
entre as classes sociais dos moradores da pobre rica cidade.
Ele olha e vê um povo que é mau...

Lá do alto
De braços estendidos sobre os homens
Ele espera...
Vê o coração dos moradores da grande cidade
amar e odiar,
crer e desesperar,
sorrir e chorar.

Ele olha e vê um povo que precisa dele
Ele olha e vê um povo que o vê como um monumento de pedra
Ele olha e vê um povo que sabe que ele vê e sente
Ele olha... Vê... Espera...
para receber e cuidar do coração
dos moradores da maravilhosa cidade.
Sim, ele espera de braços abertos...



Elizabete Bifano
Rio, janeiro de 2006